sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Desmontando o discurso do Arruda


Como de costume, o governador José Roberto Arruda voltou a mentir ontem no discurso em que anunciou sua desfiliação do DEM. Leia a íntegra do seu pronunciamento e nossas observações

"Nas últimas semanas fomos submetidos a um triste espetáculo de cenas e imagens montadas com óbvias motivações políticas. (Segundo a PF, todos os vídeos entregues por Durval Barbosa ao STJ são verdadeiros, sem montagens.)
Fatos ocorridos há mais de três anos, ainda no governo anterior, foram embaralhados para incutir na opinião pública a impressão de que tudo se passa no tempo presente. (As filmagens tratam  de fatos ocorridos  durante a última campanha, mas os áudios que constam do inquérito 650 do STJ são recentes, gravados em escuta ambiental por Durval Barbosa, com autorização judicial, nos últimos três meses)
Os violentos cortes de despesas públicas que fizemos e a retirada de pessoas dos cargos estratégicos que ocupavam na administração do GDF havia oito anos, obviamente, contrariaram interesses pessoais, políticos e empresariais, que hoje se voltam contra nós pelos caminhos das armadilhas, das insinuações e dos mais vis expedientes. (Houve cortes de pessoal para substituir os que serviam ao governo Roriz, mas só nos escalões mais baixos)
A farsa montada foi o recurso usado pelos meus adversários para me tirar da disputa de 2010. Tudo porque as pesquisas eleitorais me davam ampla vantagem. (As pesquisas divulgadas pela mídia do DF não davam a Arruda ampla vantagem. Ao contrário, Roriz, em muitas delas, estava em empate técnico, considerando as margens de erro dos levantamentos)
As práticas políticas que marcam negativamente a vida brasileira, infelizmente – devo admitir – são herança que, agora vejo com clareza, não consegui extirpar completamente como gostaria e como era meu dever . (A tal "herança maldita" continua em seu governo na presença de secretários e outros assessores que, como Arruda, também serviram a Roriz)
Tenho, neste momento, a chance de fazê-lo, a começar por uma completa apuração dos fatos e pela missão de governar Brasília desinteressado de qualquer tipo de resultado eleitoral.  (Só lhe resta tentar manter-se no governo, sangrando até o último dia, se possível for)
Em três anos, foram dois mil ônibus novos sem nenhum aumento de passagem. (Os ônibus são das empresas e não do governo)
Em mil dias, construímos mil salas de aula. São duzentas escolas e 50 mil alunos em Educação Integral.  São três anos sem nenhuma invasão de área pública ou privada, sem grilagem de terras, sem transporte pirata. (Não há invasões de terras, mas o transporte público continua ruim e os empresários do ramo da construção civil estão cada vez mais ricos, no recém-lançado Bairro Noroeste, uma quitinete custa mais de R$ 1 milhão!)
A cidade voltou para o caminho do crescimento organizado. Não posso permitir que essas conquistas sejam postas a perder, que a administração pública seja paralisada e a população do DF prejudicada. Estamos com mais de duas mil obras em andamento, e vamos concluir todas elas. (O STJ, por meio da Polícia Federal,  já investiga a relação do governo com as empreiteiras, outro possível braço de desvios de recursos)
O sistema viário está sendo inteiramente reformulado e as doze cidades mais pobres estão sendo totalmente urbanizadas. Temos a responsabilidade e o dever de preparar a capital do País para ser sede da Copa do Mundo de 2014. Estamos às vésperas do cinqüentenário da cidade. Para enfrentar esses desafios e garantir a conclusão de todas as obras, tomo a difícil decisão de deixar a vida partidária, desligando-me, neste momento, do Partido Democratas. (Se não se desfiliasse, seria expulso)
Não disputarei a eleição do próximo ano. Repito: Não disputarei a eleição do próximo ano.
Quero dedicar-me inteiramente à tarefa de cumprir, como governador, todos os compromissos e metas assumidos no programa de governo. (Ainda que outro partido o aceitasse, Arruda não poderia disputar a eleição do ano que vem porque o prazo para  filiação partidária encerrou-se em setembro último. A legislação eleitoral prevê que os candidatos devem estar filiados a uma legenda pelo menos um ano antes do pleito)

Como cidadão, vou lutar pela mudança definitiva de certos usos e costumes da política brasileira. Com as atuais regras eleitorais, não disputarei mais nenhuma eleição. O País necessita de uma ampla e profunda reforma política. (Não há registro de que Arruda tenha falado em "reforma política" antes desse episódio)
Com esse gesto, evito o constrangimento dos meus amigos e companheiros do Partido, de ter que decidir entre saciar a sede por atos radicais e midiáticos ou julgar com amplo direito de defesa e cumprimento dos prazos estatutários. (Com isso, ele evitou ser expulso de outro partido, como aconteceu quando violou o painel do Senado e foi expulso do PSDB)
Evito, também, o constrangimento de uma discussão judicial de mérito para permanecer na legenda. Evito, ainda, o constrangimento dos meus amigos que lamentam o surgimento de tão graves suspeições porque reconhecem os resultados de uma gestão que está construindo uma Brasília melhor. (A Justiça acenou que não faria ingerências nas decisões do DEM)
Quero, agora, me dedicar às questões administrativas do governo, livre para fazer minhas opções. Assim, sem o clima passional que marca este momento, quero me dedicar inteiramente a trabalhar por Brasília, defender a minha honra e o mandato de governador que me foi outorgado pela vontade popular. (Manter o mandato de governador significa também manter o foro privilegiado para o enfrentamento do processo judicial)

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